Juíza define março de 2024 para julgamento histórico de Trump
A juíza federal Tanya Chutkan marcou nesta segunda-feira (28) a data de 4 de março de 2024 para o julgamento de tentativa de subversão eleitoral de Donald Trump – colocando um dos maiores casos criminais da história americana no auge da temporada eleitoral.
A decisão estabelece o início do julgamento apenas um dia antes da "Superterça", quando mais de uma dúzia de estados vota nas primárias republicanas para escolher o candidato do partido para as eleições presidenciais de 2024.
Trump enfrenta acusações de conspiração para anular as eleições de 2020, nas quais foi derrotado pelo democrata Joe Biden.
O procurador especial Jack Smith queria iniciar o julgamento em 2 de janeiro de 2024, enquanto a defesa do ex-presidente propôs abril de 2026, em torno de 17 meses após as eleições.
"Definir uma data para o julgamento não depende das obrigações profissionais do acusado, então o senhor Trump terá de organizar as coisas para essa data", afirmou a juíza do Tribunal de Distrito dos EUA, Tanya Chutkan, depois de dizer à defesa que um atraso de dois anos é demais.
A data escolhida pode ser fundamental para as aspirações do republicano de voltar à Casa Branca.
Na sua rede social Truth Social, Trump exigiu que o caso fosse arquivado, chamou o procurador Smith de "transtornado" e acusou Biden de semear "divisão, raiva e ódio".
"Isso só vai piorar, porque esses lunáticos transtornados não conhecem limites. Algum dia, porém, a sanidade prevalecerá novamente", publicou Trump, enquanto Chutkan começava a ouvir argumentos das partes para marcar a data de julgamento no tribunal federal em Washington, D.C.
Trump se declarou inocente das acusações quando compareceu ao tribunal no início de agosto e não precisou comparecer à audiência desta segunda-feira.
O magnata de 77 anos enfrenta quatro acusações criminais este ano: duas de Smith, e uma, de procuradores estaduais em Nova York e na Geórgia.
Mas o caso perante Chutkan pode representar o maior perigo jurídico para Trump, especialmente se acabar sendo o primeiro do que se apresenta como uma agenda jurídica lotada.
"O presidente Trump não é uma pessoa comum. Ele é muito inteligente e conhece o assunto", disse sua advogada, Alina Habba, ao "Fox News Sunday", quando questionada sobre como seu cliente se prepararia para seus próximos julgamentos.
"Ele também conhece os fatos porque os viveu", acrescentou.
- Ataque ao Capitólio -
Trump será julgado em Nova York no final de março sob a acusação de pagar dinheiro para uma estrela pornô. Em maio, enfrentará um tribunal estadual da Flórida por supostamente ter levado documentos secretos do governo quando deixou a Casa Branca.
Trump e outros 18 réus também enfrentam acusações de crime organizado na Geórgia por seus esforços para anular o resultado das eleições de 2020 nesse estado do sul. O juiz da Geórgia ainda não definiu a data do julgamento.
O caso perante a juíza Chutkan acusa Trump de conspiração para enganar os Estados Unidos e conspiração para obstruir o processo oficial, a sessão do Congresso de 6 de janeiro de 2021 que foi atacada por uma multidão de apoiadores do ex-presidente.
Único réu neste processo, Trump também é acusado de tentar privar cidadãos americanos do direito ao voto, com falsas afirmações de que venceu as eleições de 2020.
Whit Ayres, um consultor político republicano, disse que, se Trump for absolvido no seu primeiro julgamento, isso praticamente garante-lhe a indicação presidencial do partido.
"Mas, se ele for condenado por um crime grave, não sei como as pessoas reagiriam, porque nunca tivemos nada remotamente parecido", acrescentou.
"Imagino que uma acusação criminal, talvez associada a algum tempo de prisão, faria pelo menos algumas pessoas repensarem seu apoio", especulou.
Chutkan, de 61 anos, indicada pelo ex-presidente democrata Barack Obama, proferiu algumas das sentenças mais duras contra os invasores do Capitólio, e Trump acusou-a de ser "muito partidária" e "muito parcial".
A juíza também tem antecedentes jurídicos com Trump: decidiu contra ele em um caso de novembro de 2021, dizendo, em sua sentença, que "os presidentes não são reis".
B.Puglisi--RTC