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O plano das Novas Rotas da Seda, um colossal projeto chinês
O plano das Novas Rotas da Seda, um colossal projeto chinês / foto: Parker Song - POOL/AFP

O plano das Novas Rotas da Seda, um colossal projeto chinês

A iniciativa chinesa das Novas Rotas da Seda, um extenso projeto de infraestrutura, é criticada pelas dívidas que gera nos países pobres, mas seus apoiadores a defendem como uma ferramenta de desenvolvimento econômico.

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A China recebe esta semana representantes de 130 países para um fórum que celebra os dez anos desta iniciativa.

Confira a seguir os principais pontos do plano, cujo nome oficial é Iniciativa Faixa e Rota (BRI, na sigla em inglês).

- Pouca transparência -

O projeto visa a melhorar as relações comerciais entre os continentes, mediante a construção de portos, ferrovias, aeroportos e parques industriais.

Estas infraestruturas permitem aos países continuar com seu desenvolvimento e à China, ter acesso a novos mercados, bem como abrir novas vias para suas empresas.

O projeto já rendeu dois trilhões de dólares (R$ 10 trilhões, na cotação atual) em contratos em todo o mundo, segundo o governo chinês, e uma dívida de 300 bilhões de dólares (R$ 1,5 trilhão), contraída pelos países participantes.

Esta dívida aumentou na pandemia de covid-19, com a inflação galopante e a alta das taxas de juros.

Entre os projetos mais relevantes estão a ligação por meio de um trem de alta velocidade entre Laos e China, inaugurada em 2021 ao custo de 6 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 33 bilhões, em cotação da época), e a criação de um "corredor econômico" entre o oeste chinês e o Paquistão.

Além disso, Pequim teve que lançar vários planos de resgate aos países que precisavam de mais tempo.

Os contrários à iniciativa também criticam a falta de transparência em alguns projetos, como na Malásia ou em Mianmar.

A população, por sua vez, vê a maioria dos empregos serem gerados para trabalhadores chineses.

- Influência chinesa -

Este megaprojeto tem um claro objetivo diplomático, ao apresentar a China como um aliado dos países do Sul, ao mesmo tempo em que proporciona às empresas chinesas de infraestrutura uma posição segura em muitas economias emergentes.

Esta dimensão geoestratégica preocupa os países ocidentais, que veem uma vasta operação de influência de Pequim. Além disso, os opositores ao BRI nos países em que está sendo implantado o veem como uma forma de interferir na política local.

No Djibuti, por exemplo, Pequim instalou uma base naval estratégica entre o Mar Vermelho e o Golfo de Amã, supostamente para reabastecer embarcações e auxiliar em operações humanitárias e de paz neste pequeno país africano.

Os Estados Unidos afirmam, sem apresentar provas, que, com estas Novas Rotas da Seda, a China pretenderia instalar bases militares nestes países para proteger seus investimentos.

- Pegada de carbono -

Estas obras colossais também preocupam por seu impacto ambiental.

O desenvolvimento de grandes portos, ferrovias ou rodovias poderia dificultar o cumprimento das metas do Acordo de Paris, alertaram, em 2019, pesquisadores de China, ONU e Reino Unido.

Um relatório da Universidade de Boston alertou para o risco, para as terras indígenas e o ecossistema em geral, de não prever suficientemente os riscos ambientais e sociais.

A China assegura que faz o máximo e se comprometeu, em 2021, a parar de construir novas minas de carvão no exterior. Mas os projetos que já tinham sido aprovados seguem em marcha.

- Benefícios econômicos -

Pequim assegura que seu projeto leva "um desenvolvimento de alta qualidade" aos países participantes, com infraestruturas duradouras.

O estudo da Universidade de Boston reconheceu que a iniciativa permitiu levar "mais recursos aos países do Sul" e ajudou em "um crescimento econômico significativo".

O Banco Mundial também ressaltou que os projetos chineses "melhoram de forma substancial o comércio, o investimento estrangeiro e as condições de vida dos moradores dos países" beneficiados.

No setor do transporte, quando concluídos, os projetos das Novas Rotas da Seda vão gerar um crescimento mundial de entre 0,7% e 2,9%, segundo o Banco Mundial.

M.Allan--RTC