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Após entusiasmo inicial, jornalismo busca respostas para desafios da IA
Após entusiasmo inicial, jornalismo busca respostas para desafios da IA / foto: Josep LAGO - AFP

Após entusiasmo inicial, jornalismo busca respostas para desafios da IA

A chegada da inteligência artificial (IA) pode ser uma ferramenta de apoio ou um elemento transformador para o jornalismo, mas as redações buscam respostas para os novos desafios, que vão de questões trabalhistas a éticas.

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- Qual o futuro do meu emprego? -

Essa pergunta está na boca de todos os participantes do Festival Internacional de Jornalismo celebrado nesta semana na cidade italiana de Perugia.

O uso de ferramentas de IA para transcrever áudios, resumir textos ou traduzir se torna uma prática nas redações. Na Alemanha, o grupo Axel Springer anunciou no começo de 2023 um corte na equipe de seus jornais Bild e Die Welt, argumentando que a IA poderia substituir jornalistas, principalmente aqueles responsáveis pela diagramação e revisão.

Há um ano e meio, a IA generativa, que permite criar textos e imagens de forma simples, abriu caminho para novos usos, levantando novos tipos de preocupação. Vozes e rostos, por exemplo, podem ser clonados para produzir um podcast ou telejornal.

No ano passado, o portal filipino Rappler lançou uma marca para jovens criando histórias em quadrinhos, gráficos e vídeos a partir de artigos longos.

Os representantes dos veículos concordam que o ofício de jornalista se concentrará em tarefas de maior valor agregado. "As ferramentas que produzimos são assistentes" na realização do trabalho, ressaltou no festival o diretor do Google News, Shailesh Prakash.

- Questão de custo -

O custo da IA generativa despencou desde a chegada do ChatGPT, em novembro de 2022. Criada pela empresa americana OpenAI, essa ferramenta se tornou acessível para qualquer redação.

Inspirado nessa ideia, o veículo colombiano especializado em jornalismo investigativo Cuestión Pública criou sua própria ferramenta, que permite a busca automática de elementos de contexto para notícias de última hora. Esse aporte "pode ser editado imediatamente com o nosso aplicativo", destacou a diretora geral do veículo, Claudia Báez.

- Informação e desinformação -

Segundo estimativa do EveryPixel Journal, em meados de 2023 a IA gerou a mesma quantidade de imagens em um ano do que a fotografia em 150 anos de história. Diante desse tsunami de conteúdo gerado por máquinas, como distinguir a informação?

Frente aos "deepfakes", vídeos enganosos, os veículos de comunicação e o mundo da tecnologia se uniram, por exemplo, com o lançamento da Coalizão para a Procedência e Autenticidade do Conteúdo (C2PA), que busca melhorar a identificação e origem de informações digitais.

"O cerne do nosso trabalho continua sendo a apuração, a reportagem de campo. Vamos continuar dependendo por muito tempo de repórteres humanos", talvez com o apoio da inteligência artificial, afirmou a subdiretora de Informação da AFP responsável pela IA, Sophie Huet.

- Da lei da selva à regulamentação -

A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) expandiu o escopo de sua missão para a defesa da informação viável e apresentou em 2023 a Carta de Paris sobre Inteligência Artificial e Jornalismo.

A regulamentação é criada frente a uma tecnologia em constante evolução. O Parlamento Europeu aprovou no mês passado um texto pioneiro para regular o uso da IA no território da União Europeia sem frear a inovação.

Nas redações, são cada vez mais frequentes as diretrizes de boas práticas. "Mudamos nossas diretrizes a cada três meses", destacou a diretora da Quintillion Media, Ritu Kapur, na Índia.

- O dilema dos direitos autorais -

Os sistemas de IA precisam ser abastecidos com dados. O jornal The New York Times processou em dezembro a OpenAI e a Microsoft por violação de direitos autorais.

Outros fecharam acordos com a OpenAI, como o consórcio alemão Axel Springer, a agência AP, o jornal francês Le Monde e o grupo Prisa Media (El País, As) na Espanha.

Diante da crise, a colaboração pode ser tentadora, destacou a professora da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Emily Bell, em Nova York. Para a acadêmica, há uma pressão externa para "não perder o trem".

A.Olsson--RTC