

Bolsas mundias se acalmam apesar da tensão comercial entre EUA e China
As bolsas mundiais estão mais tranquilas nesta terça-feira (8) após desabarem por causa das tarifas do presidente Donald Trump, apesar de um risco de escalada entre Estados Unidos e China.
Um dia antes da entrada em vigor de novas tarifas aduaneiras americanas sobre as importações, sobretudo chinesas e europeias, o índice Dow Jones subia 3,6% e o índice ampliado S&P 500 ganhava 3,8% por volta das 14h05 GMT (11h05 em Brasília).
Os mercados europeus também operam em alta, com aumentos de mais de 3% em Paris, Londres e Frankfurt.
Um respiro para os investidores depois que trilhões de dólares derreteram desde a última quarta-feira, quando o presidente americano anunciou tarifas para boa parte das importações da maioria dos países do mundo.
Como considera que seus parceiros comerciais "saqueiam" os Estados Unidos, Trump impôs desde sábado uma tarifa adicional universal de 10% sobre os produtos importados, com algumas exceções como o ouro e a energia.
Essa tarifa subirá a partir de quarta-feira para dezenas de aliados comerciais importantes, em particular a UE (20%) e o Vietnã (46%).
- Negociações -
A administração americana afirma, no entanto, seguir aberta à negociação, o que explica o alívio dos mercados.
Nesta terça-feira, Trump afirmou ter tido uma "conversa muito boa" com o primeiro-ministro e presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo, segundo uma mensagem publicada na plataforma Truth Social.
"As instruções do presidente para todos nós foram muito claras: devemos dar prioridade a nossos aliados e parceiros comerciais", comentou o principal assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, na Fox News.
O presidente decidirá "quando e se devemos falar com a China, mas até agora, recebemos a instrução de dar prioridade a nossos aliados e parceiros comerciais como Japão, Coreia e outros", continuou.
O secretário de Finanças, Scott Bessent, declarou à Fox News que "talvez cerca de 70 países" já entraram em contato com a administração americana para falar das tarifas.
"Tudo isso vai na direção correta", disse aos senadores americanos o representante comercial Jamieson Greer.
"Devemos nos distanciar de uma economia baseada unicamente no setor financeiro e no gasto governamental" para nos centrarmos em uma "baseada na produção de bens e serviços reais", avaliou.
Ele afirmou que o país perdeu cinco milhões de empregos manufatureiros e 90 mil fábricas nos últimos 30 anos, desde que se promulgou o acordo de livre comércio trilateral com México e Canadá.
- Risco de escalada -
Mas a política americana leva a riscos e não se descarta uma escalada na guerra comercial entre as duas principais potências mundiais.
Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, Trump já taxou os produtos chineses com uma tarifa de 20%. Com os 34% anunciados na semana passada, o imposto chegará a 54% a partir de quarta.
O presidente republicano ameaçou impôr a partir desta quarta tarifas adicionais de 50% sobre as importações chineses se Pequim não desistir de tomar represálias com tarifas suplementares de 34% sobre os produtos americanos a partir de quinta-feira, 10 de abril.
Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês avaliou que "a ameaça dos Estados Unidos de aumentar as tarifas contra a China é um erro atrás do outro e expõe mais uma vez a natureza chantagista dos Estados Unidos".
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, disse nesta terça que seu país tem "ferramentas" suficientes para "compensar" a turbulência econômica, segundo a agência Xinhua.
A UE prepara sua resposta, que será apresentada "no início da próxima semana", segundo um porta-voz da Comissão Europeia.
Os analistas consideram que a guerra comercial pode minar a economia mundial, com riscos de inflação, desemprego e diminuição do crescimento.
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A.Taylor--RTC