

UE suspende contramedidas ao 'tarifaço' de Trump, mas tensão EUA-China persiste
A União Europeia (UE) decidiu, nesta quinta-feira (10), suspender por 90 dias as contramedidas às tarifas alfandegárias dos Estados Unidos depois que o presidente americano, Donald Trump, anunciou uma pausa na vigência das novas taxas impostas a dezenas de países, com exceção da China, que pediu um acordo "de meio-termo".
Na quarta-feira, em um dia caótico para os mercados financeiros, Trump anunciou uma "pausa" de 90 dias na aplicação de novas tarifas para dezenas de países, mas elevou a 125% as taxas impostas à China.
A UE saudou a suspensão temporária anunciada pela Casa Branca como um "passo importante para estabilizar a economia mundial" e anunciou uma suspensão das contramedidas sobre produtos americanos.
"Queremos dar uma chance às negociações", manifestou-se, por meio de um comunicado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A titular do braço Executivo da UE advertiu, no entanto, que "se as negociações não forem satisfatórias, nossas contramedidas vão entrar em vigor".
"Todas as opções continuam sobre a mesa", acrescentou.
Em seu anúncio de suspensão temporária das novas tarifas para dezenas de países, Trump excluiu a China e elevou para 125% as taxas aos produtos do gigante asiático, escalando a queda de braço entre as duas maiores economias do planeta.
A China havia respondido anteriormente com tarifas de represália de 84% sobre as importações americanas, que entraram em vigor nesta quinta-feira.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse, por sua vez, que a pausa anunciada por Trump é um "alívio" e que o país vai iniciar conversas com os Estados Unidos após as eleições previstas para 28 de abril.
O Vietnã anunciou ter acordado com os Estados Unidos iniciar diálogos comerciais, enquanto o Paquistão reportou o envio de uma delegação a Washington.
- Tensões com a China -
As tensões comerciais entre Washington e Pequim não dão trégua.
Pequim advertiu Washington que as tarifas "impactarão severamente" a estabilidade econômica mundial e pediu para que os países alcancem um compromisso de "meio-termo".
"A porta para o diálogo está aberta, mas este deve ser baseado no respeito mútuo e ser conduzido de maneira igualitária", afirmou a porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian, antes de alertar que, caso contrário, a China promete "lutar até o fim".
Entre as contramedidas propostas, Pequim anunciou que reduzirá "moderadamente" o número de filmes americanos exibidos no país.
Trump expressou confiança na assinatura de acordos comerciais com todos os países, inclusive a China, embora por enquanto o gigante asiático tenha se negado a reverter as tarifas sobre os produtos americanos adotadas em represália.
"Haverá um acordo com a China. Haverá um acordo com cada um" dos países, disse Trump na Casa Branca.
O presidente americano está convencido de que sua política fará reviver a indústria manufatureira deslocalizada, ao obrigar as empresas a se transferirem para os Estados Unidos.
- Wall Street abre em baixa -
Os investidores começaram, inclusive, a vender títulos do governo americano, um gesto que acendeu as luzes de alerta, pois a dívida soberana americana normalmente é considerada um refúgio seguro.
"É preciso ser flexível", justificou o presidente republicano a jornalistas na Casa Branca. Ele reconheceu que seu anúncio de uma ofensiva tarifária generalizada na semana passada "assustou um pouco" os investidores.
Em Wall Street, o índice tecnológico Nasdaq fechou na quarta-feira em alta de mais de 12% e o S&P 500 subiu 9,5%. Mas esta forte alta foi compensada nesta quinta-feira com uma abertura em queda de 1,64% do Dow Jones, de 2,71% do Nasdaq e de 2,11% do S&P 500.
Na Ásia e na Europa, a tendência foi positiva. Tóquio fechou em alta de 9,1%, ao mesmo tempo em que o governo japonês comemorou a pausa tarifária, mas exigiu a suspensão de outras taxações.
Enquanto isso, Paris e Frankfurt registravam alta de mais de 5% nas operações da tarde, enquanto Londres subia 4,5%.
Para Peter Navarro, assessor de Trump, esta "entrará para a História dos Estados Unidos como a melhor negociação comercial".
"Estamos em uma posição excelente frente aos próximos 90 dias" para buscar acordos comerciais, disse Navarro à rede ABC News, assegurando que mais de 75 países tentaram iniciar negociações com Washington.
No entanto, as perdas do dólar se intensificaram nesta quinta-feira, arrastado pela desaceleração da inflação nos Estados Unidos em março e por volta das 13h15 GMT (10h15 em Brasília), era negociado em queda de 1,49% frente ao euro, que valia 1,1115 dólar, e caiu 0,75% frente à libra, que custava 1,2918 dólar.
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G.Stewart--RTC