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Equador vota pela suspensão da extração de petróleo no parque amazônico Yasuní
Equador vota pela suspensão da extração de petróleo no parque amazônico Yasuní / foto: Rodrigo BUENDIA - AFP/Arquivos

Equador vota pela suspensão da extração de petróleo no parque amazônico Yasuní

Os equatorianos votaram a favor de suspender parte da extração de petróleo em uma reserva da Amazônia, segundo os resultados do histórico referendo de domingo (20), considerado exemplo mundial no âmbito do debate climático.

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O "Sim" para deixar o petróleo no subsolo por tempo indeterminado no bloco 43 dentro da reserva Yasuní obteve o apoio de 59% dos votantes, contra o “Não”, revela a apuração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

O parque Yasuní (leste) é um dos lugares mais biodiversos do mundo, onde vivem comunidades indígenas, e é a joia da coroa da estatal Petroecuador.

Com um milhão de hectare, o bloco 43 representa apenas 0,08% da extensão da reserva e é o quarto em produção de petróleo do país, com 57 mil barris por dia (bd).

Embora outros campos de petróleo sigam ativos no parque Yasuní, o bloco 43 se tornou símbolo da democracia climática e atraiu a atenção de celebridades e ativistas internacionais, que observam de perto o desenrolar do referendo.

O rendimento atual do bloco 43 fica atrás dos velhos campos amazônicos Sacha (72.000 bd), Auca (71.000 bd) e Shushufindi (62.000 bd), cujas produções estão em declínio.

Com a vitória do "Sim" no referendo de domingo, o governo estima perdas de 16,47 bilhões de dólares (81,8 bilhões de reais na cotação atual) em 20 anos.

"Fizemos história! Esta consulta, nascida dos cidadãos, demonstra o maior consenso nacional no Equador. É a primeira vez que um país decide defender a vida e deixar o petróleo debaixo da terra. É uma vitória histórica para o Equador e para o planeta", declarou o grupo ambientalista Yasunidos, que promoveu o referendo, na rede social X (antes Twitter).

- Vitória indígena -

A extração de petróleo no bloco 43 começou em 2016, após anos de um tenso debate e de esforços fracassados sob o governo do então presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).

O ex-presidente falhou em sua tentativa de fazer a comunidade internacional pagar ao Equador em torno de 3,6 bilhões de dólares (17,93 bilhões de reais) em compensações para evitar a extração nesse campo do Yasuní.

Na reserva, onde vivem waoranis, kichwas, e também as comunidades indígenas em isolamento voluntário tagaeri, taromenane e dugakaeri, o bloco 43 extrai 12% dos 466.000 bd produzidos pelo país, todos na Amazônia.

“Celebremos juntos a vitória do #SimAoYasuni! Hoje o #Equador deu um passo gigante para proteger a vida, a biodiversidade e os povos indígenas”, comemorou a poderosa organização indígena Conaie no X.

Localizada entre as províncias de Pastaza e Orellana, esta reserva da biosfera de 2,7 milhões de hectares, que inclui o parque de mesmo nome, captura carbono e depois bombeia oxigênio e vapor d'água que recarrega as fontes hídricas.

O Equador também realizou em paralelo uma consulta popular local para evitar a mineração em seis pequenos povoados rurais de Quito, de cerca de 20.000 habitantes.

Segundo as informações mais recentes, o "Sim" tinha 68% de apoio para proteger a floresta do Chocó Andino, que faz parte das sete reservas da biosfera no Equador.

O Chocó Andino é considerado o pulmão de Quito, que abriga mais de três milhões de pessoas, e também é lar do urso andino.

A.Olsson--RTC