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Itália apresenta ambicioso plano de cooperação com África

Itália apresenta ambicioso plano de cooperação com África

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou nesta segunda-feira (29), em uma cúpula em Roma, um ambicioso plano de ajuda à África em troca de uma maior cooperação em migração, em uma "nova página" nas relações com o continente.

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O objetivo desta conferência era apresentar o chamado Plano Mattei, em homenagem a Enrico Mattei, fundador da Eni, gigante italiana da energia pública.

Na década de 1950, Mattei defendeu uma relação de cooperação com os países africanos, ajudando-os a desenvolver seus recursos naturais.

Este plano "pode ter uma dotação inicial de mais de 5,5 bilhões de euros [28,9 bilhões de reais na cotação atual] entre créditos, doações e garantias", disse Meloni na abertura da conferência, sem especificar por quantos anos esse montante seria distribuído.

O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mohamat, destacou que "a agricultura, as infraestruturas, o meio ambiente, a energia, a saúde, a educação e a digitalização são as nossas principais prioridades".

A Itália, que este ano preside o G7, se comprometeu a fazer do desenvolvimento africano um tema central do seu mandato, em parte para aumentar sua influência em um continente onde países como China, Rússia, Turquia, Índia e Japão aumentaram sua presença.

Os "destinos" de Europa e África estão conectados, declarou Meloni.

A primeira-ministra também disse que estava decidida a cooperar "de igual para igual, longe de qualquer tentação predatória, mas também do enfoque caritativo para a África que não condiz com seu extraordinário potencial de desenvolvimento".

A Itália, ex-metrópole colonial de Líbia, Etiópia, Eritreia e da atual Somália, deseja trabalhar com os países africanos para "escrevermos juntos uma nova página em nossas relações", acrescentou.

Representantes de mais de 25 países compareceram nesta segunda-feira ao Senado, junto com os de agências da ONU, de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA).

Também compareceram os presidentes da Tunísia, Kais Saied, e do Senegal, Macky Sall, assim como de República do Congo, Eritreia, Quênia, Mauritânia, Moçambique e Zimbábue.

Outros países, como Argélia, Chade, Egito e República Democrática do Congo, enviaram alguns dos seus ministros.

- Sinergia -

"É essencial trabalhar em sinergia para aproveitar os numerosos recursos naturais disponíveis na África, não só para desenvolver ainda mais o continente e fortalecer a nossa parceria, mas também e acima de tudo, para acabar com os fluxos migratórios de africanos, muitas vezes mortais", disse Azali Assoumani, presidente da UA.

Faki Mohamat declarou que a África estava disposta a "discutir o conteúdo e a implementação" do plano. No entanto, acrescentou que gostariam de "ser consultados antes".

Também insistiu que queria passar "das palavras aos fatos", e que não bastava fazer "promessas que frequentemente não se cumprem".

A Itália espera envolver todos os atores internacionais em um plano que inclui também a educação, os sistemas sanitários e o fornecimento de água.

No entanto, os especialistas salientam que não será fácil obter o apoio da União Europeia, que já apresentou um projeto de ajuda para a África de 150 bilhões de euros em 2022 (896 bilhões de reais, na cotação de 10/02/2022).

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considera que o plano italiano "é complementar" ao da UE.

Georgia Meloni chegou ao poder em 2022 com um programa contra a imigração e espera transformar a Itália em uma ponte entre Europa e África.

Cerca de 40 organizações da sociedade civil africana estavam preocupadas com o fato de que o objetivo do plano seja apenas "aumentar o acesso da Itália ao gás fóssil africano em benefício da Europa e reforçar o papel das empresas italianas na exploração dos recursos naturais e humanos da África".

A nível migratório, o Plano Mattei pretende abordar os chamados "fatores de incentivo" e persuadir os países de origem a assinarem acordos de readmissão para migrantes rejeitados.

Apesar da promessa de Meloni de acabar com a chegada de embarcações do norte da África, os desembarques na Itália aumentaram consideravelmente desde que ela assumiu o cargo, passando de cerca de 105 mil migrantes em 2022 para quase 158 mil em 2023.

R.Gutierrez--RTC