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Netanyahu quer retirar civis de Rafah, último refúgio para deslocados em Gaza

Netanyahu quer retirar civis de Rafah, último refúgio para deslocados em Gaza

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou, nesta sexta-feira (9), que seu Exército prepare a retirada de civis de Rafah, após os Estados Unidos e a ONU expressarem preocupação por uma operação militar contra este último refúgio dos palestinos deslocados pela guerra na Faixa de Gaza.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou a resposta israelense em Gaza como "excessiva", em uma crítica incomum a seu aliado, Israel, pela intensa ofensiva que desencadeou há mais de quatro meses contra o movimento islamista palestino Hamas, que governa o território de quase 2,4 milhões de habitantes.

Na quarta-feira (7), Netanyahu ordenou a preparação de uma ofensiva em Rafah, uma localidade próxima da fronteira com o Egito, onde estão cerca de 1,3 milhão de palestinos.

O número corresponde a mais de metade da população da Faixa de Gaza, o que provoca receios de que uma ofensiva militar provoque um banho de sangue.

Segundo seu gabinete, o premiê israelense pediu ao Exército que apresente um "plano combinado" de "evacuação" de civis de Rafah e de "destruição" do Hamas nesta cidade ao sul de Gaza.

Contudo, o chefe do governo israelense, que prometeu "aniquilar" o Hamas, não está disposto a conceder a trégua exigida por grande parte da comunidade internacional.

"É impossível atingir o objetivo da guerra sem eliminar o Hamas e deixando quatro batalhões do Hamas em Rafah" e, para isso, também é necessário que "os civis deixem as zonas de combate", afirmou ele no comunicado.

Na quinta-feira, Washington advertiu que Rafah pode se tornar o cenário de um "desastre" humanitário e afirmou que não apoia uma operação "sem planejamento e sem reflexão" a respeito dos civis.

A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram mais de 250 em um ataque no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os bombardeios e as operações de represália israelenses em Gaza mataram pelo menos 27.947 pessoas, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, uma organização classificada como terrorista por União Europeia e Estados Unidos.

Em uma primeira etapa, as forças israelenses concentraram suas operações na Cidade de Gaza, norte da Faixa, e depois avançaram para Khan Yunis, sul do território.

- "Tragédia sem fim" -

Nesta sexta, o chefe da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, voltou a fazer um apelo por um "cessar-fogo humanitário" e alertou que qualquer ofensiva militar israelense em Rafah agravaria a "tragédia sem fim" da população.

"Se (Israel) executar um ataque (terrestre) contra Rafah, vamos morrer em nossas casas. Não temos escolha, não temos para onde ir", declarou Jaber Al Bardini, morador desta localidade, de 60 anos.

"Se Rafah for atacada, haverá massacres e um genocídio. Não sei se conseguiremos fugir para o Egito, ou se os massacres também nos alcançarão", afirmou Um Ahmed al Burai, uma palestina de 59 anos, também procedente de Al Shati, no norte de Gaza.

Fotógrafos da AFP viram vários edifícios em Rafah destruídos pelos bombardeios israelenses desta sexta-feira, realizados de madrugada e de manhã. Várias pessoas transportavam os corpos de três crianças, mortas em um dos ataques.

Nas últimas 24 horas, pelo menos 107 palestinos morreram em bombardeios contra o estreito território de 362 km2, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Em Khan Yunis, sitiada há várias semanas, as Forças Armadas israelenses invadiram o hospital de Al Amal e "começaram a revistá-lo", informou o Crescente Vermelho palestino, que administra o estabelecimento.

Embora, teoricamente, devessem ser contemplados com proteção especial, segundo as leis da guerra, os hospitais de Gaza têm sido alvos frequentes de ataques desde o início do conflito.

- Negociações "difíceis" -

No campo diplomático, um "novo ciclo de negociações", com mediação do Egito e do Catar, e com a participação do Hamas, começou na quinta-feira, no Cairo, com o objetivo de alcançar uma "calma na Faixa de Gaza" de várias semanas e uma troca de prisioneiros palestinos por reféns que estão em poder do movimento islamista, segundo um funcionário de alto escalão egípcio.

Uma trégua de uma semana em novembro permitiu a troca de mais de 100 reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel. Estima-se que 132 permaneçam em cativeiro em Gaza e que 29 deles tenham morrido.

Em uma declaração à AFP, uma fonte do Hamas estimou que as negociações no Cairo estão sendo "positivas".

A guerra em Gaza também exacerbou as tensões no Líbano, no Iraque, na Síria e no Iêmen, onde grupos apoiados pelo Irã executaram ataques em apoio ao Hamas. Essa ofensiva provocou represálias por parte de Israel, Estados Unidos e seus aliados.

O norte de Israel foi atingido por quase 30 foguetes lançados do sul do Líbano, depois de um ataque israelense contra um integrante de alto escalão do grupo Hezbollah que ficou gravemente ferido.

J.Lee--RTC