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'Chorar é inútil': palestinos que retornam a Khan Yunis constatam a destruição
'Chorar é inútil': palestinos que retornam a Khan Yunis constatam a destruição / foto: - - AFP

'Chorar é inútil': palestinos que retornam a Khan Yunis constatam a destruição

Os palestinos de Khan Yunis retornaram nesta quinta-feira (7) a uma parte desta localidade do sul da Faixa de Gaza, devastada por uma intensa operação militar israelense, e quando chegaram encontraram corpos, edifícios destruídos e monumentos arrasados.

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Caminhando pelos escombros de edifícios devastados e recuperando alguns pertences que ainda podem ser úteis para eles, milhares de palestinos retornaram a Khan Yunis nesta quinta-feira e encontraram ali uma paisagem de desolação após semanas de combates.

Nas ruas da maior cidade do sul da Faixa de Gaza, homens e mulheres carregam tudo o que podem nos tetos dos veículos, em carrinhos de mão puxados por burros, na cabeça ou nas costas: garrafas de gás, roupas, móveis, como mostram imagens da AFP.

Alguns usam máscaras cirúrgicas para se protegerem da poeira onipresente, como um adolescente que conseguiu recuperar um enorme bicho de pelúcia.

Após semanas de combates, os tanques israelenses deixaram esta semana o centro de Khan Yunis, poucos quilômetros ao norte de Rafah, deixando para trás um panorama de destruição e facilitando o retorno dos moradores à cidade.

Segundo testemunhas, o Exército israelense e o Hamas, os combates continuaram nesta quinta-feira na parte oeste da cidade.

- "A tristeza invadiu as nossas vidas" -

Jamil Agha, de 49 anos, decidiu ficar com a família no que restou da casa. "O que podemos fazer? Chorar é inútil. A tristeza invadiu as nossas vidas", disse.

"Os aviões militares israelenses (...) destruíram milhares de casas, reduziram-nas a ruínas, mas não serão capazes de destruir a nossa memória", afirma Wajih Abou Zarifa, de 55 anos, cuja casa foi destruída.

Segundo um funcionário municipal que pediu anonimato, o Exército israelense "acabou com milhares de casas em Khan Yunis, causando destruição em massa".

"Destruiu mercados, lojas, clínicas, centros médicos, dezenas de restaurantes. Destruiu hospitais, todas as estradas, redes de esgotos, redes elétricas, de comunicações e de internet. Fez escavações em todas as estradas e mudou a paisagem da cidade", acrescentou.

O Exército israelense não quis responder às perguntas da AFP sobre a destruição da cidade e a sua retirada do centro.

O Ministério da Saúde do Hamas em Gaza disse em comunicado que seis corpos foram encontrados no centro de Khan Yunis na tarde desta quinta-feira e que "dezenas de pessoas desaparecidas ainda estão sob os escombros".

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 7 de outubro por um ataque de magnitude sem precedentes por comandos infiltrados no sul de Israel, que custou a vida a pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um cálculo feito com base em dados oficiais israelenses.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar que até agora causou 30.800 mortes em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

K.Bastien--RTC