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Navio de ONG começa a descarregar alimentos em Gaza

Navio de ONG começa a descarregar alimentos em Gaza

Um navio de uma ONG espanhola começou a descarregar, nesta sexta-feira (15), 200 toneladas de mantimentos na Faixa de Gaza, ameaçada pela fome após mais de cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas.

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O movimento islamista, que governa Gaza, propôs uma trégua e uma troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, com condições menores do que as anteriormente pleiteadas. Israel indicou que enviará uma delegação ao Catar para retomar essas negociações.

O navio da ONG espanhola Open Arms, que partiu na terça-feira do porto cipriota de Larnaca, inaugurou um corredor marítimo aberto por iniciativa da União Europeia com o apoio de outros países.

Ele rebocava uma balsa de outra ONG, a World Central Kitchen (WCK, do chef espanhol José Andrés), que começou a transportar os suprimentos até um cais provisório construído a sudoeste da Cidade de Gaza, no norte da Faixa, disse à AFP uma porta-voz da WCK, Linda Roth.

As Nações Unidas alertam para o risco de fome em Gaza. "Os médicos já não veem bebês de tamanho normal" em Gaza, declarou um funcionário da ONU, que se disse "aterrorizado" com as 180 mulheres, famintas e desidratadas, que dão à luz, em média, a cada dia no território palestino.

A situação é especialmente grave no norte da Faixa de Gaza, devastado pelos combates e confrontado com uma situação caótica, com saques que tornam praticamente impossível a distribuição de insumos.

O Hamas acusou na quinta-feira o exército israelense de ter disparado de "tanques e helicópteros" contra pessoas que esperavam uma distribuição de farinha em uma praça da Cidade de Gaza, matando pelo menos 20 pessoas e ferindo 155.

O exército israelense afirmou que foram "palestinos armados" que abriram fogo contra a multidão.

No hospital de Al Shifa, o maior do norte do território, um colaborador da AFP viu ambulâncias transportando cadáveres e pessoas feridas.

- Hamas propõe plano para trégua -

As negociações mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito para um cessar das hostilidades deram sinais de avanço.

O Hamas, que até agora exigia um cessar-fogo definitivo com Israel, propôs uma trégua de seis semanas e uma troca de 20 a 50 prisioneiros palestinos por cada refém israelense, segundo uma fonte desse movimento islamista.

É uma cifra consideravelmente inferior à sua proposta anterior, de aproximadamente um refém por 100 presos palestinos, mencionada por uma fonte do Hamas no final de fevereiro.

Israel, que não enviou uma delegação ao ciclo anterior de conversações no Egito, anunciou que enviará uma ao Catar.

Os Estados Unidos estão "cautelosamente otimistas" sobre a possibilidade de um acordo, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 em uma incursão no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP com base em dados israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre, com um cerco territorial rígido, que até o momento deixou 31.490 mortos, em sua grande maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Cem reféns foram libertados em uma troca por prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana no final de novembro, e Israel estima que cerca de 130 ainda estão detidos em Gaza, dos quais 32 teriam morrido.

- "Comida para as crianças" -

Muitos países estão tentando levar ajuda humanitária por terra, mar e ar.

A ajuda por via terrestre chega principalmente do Egito, pelo posto de fronteira de Rafah, no extremo sul de Gaza, mas é insuficiente diante da grave escassez que aflige os 2,4 milhões de habitantes da Faixa.

O 'Open Arms' zarpou com um carregamento equivalente a 300.000 refeições preparadas pela WCK.

"Espero que tragam comida para as crianças, isso é tudo que pedimos", declarou à AFPTV Abu Isa Ibrahim, um deslocado.

- "Planos" de invadir Rafah -

Para derrotar completamente o movimento islamista, Netanyahu quer expandir sua operação terrestre a Rafah, onde vivem cerca de 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra.

Netanyahu já aprovou "os planos" do exército para realizar essa operação, indicou seu gabinete.

Uma ofensiva contra Rafah gera preocupação internacional até entre os principais aliados de Israel.

A Casa Branca afirmou que deseja ver esse plano. "Não o vimos. Certamente gostaríamos de ter a oportunidade de vê-lo", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, acrescentando que o governo do presidente Joe Biden não apoiaria nenhum plano sem propostas "críveis" para proteger os civis.

Em Rafah, única cidade da Faixa que não sofreu uma ofensiva terrestre, as imagens da AFPTV mostram fiéis rezando entre os escombros de uma mesquita destruída na primeira sexta-feira do Ramadã, o mês de jejum sagrado para os muçulmanos.

Em Jerusalém, milhares de pessoas participaram de uma oração na Esplanada das Mesquitas, sob forte vigilância policial.

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C.Moreno--RTC