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Sob pressão, Israel promete deixar mais ajuda humanitária entrar em Gaza

Sob pressão, Israel promete deixar mais ajuda humanitária entrar em Gaza

Israel, sob pressão internacional para aliviar a situação humanitária na Faixa de Gaza, prometeu, nesta sexta-feira (5), autorizar a entrega "temporária" de mais ajuda e admitiu "erros" no bombardeio que matou sete trabalhadores humanitários no território palestino arrasado por seis meses de guerra.

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O governo aprovou a entrada de ajuda pelo posto de Erez, no norte de Gaza, o que flexibilizaria o cerco que impôs pouco depois de lançar sua ofensiva contra o Hamas, no poder no território palestino, em represália ao ataque letal de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.

Também prometeu habilitar o porto de Ashdod, cerca de 35 km ao norte de Gaza, para a recepção de insumos, e autorizou "o aumento da ajuda" pelo posto de Kerem Shalom, no sul.

O Exército israelense reconheceu uma série de "erros" no bombardeio que matou sete funcionários humanitários (seis estrangeiros e um palestino) na segunda-feira em Gaza.

Esses anúncios foram feitos um dia após os Estados Unidos, principal aliado e fornecedor de armas de Israel, condicionarem pela primeira vez seu apoio às medidas que Israel adotasse para proteger os civis e os trabalhadores humanitários em Gaza.

Os comandos que atacaram Israel em 7 de outubro mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo a contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Eles também capturaram mais de 250 pessoas, das quais 130 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 que teriam falecido, segundo as autoridades israelenses.

A ofensiva aérea e terrestre lançada por Israel em represália já deixou pelo menos 33.091 mortos, principalmente civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza.

- Ver para crer -

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as medidas anunciadas estavam de acordo com o que havia pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na quinta-feira.

Questionado se havia ameaçado suspender a ajuda militar a Israel, Biden respondeu ao sair da Casa Branca: "Eu pedi a eles para fazerem o que estão fazendo".

Mesmo assim, algumas horas antes, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, lembrou que Washington esperava resultados concretos "nos próximos dias e semanas".

A ONU e a União Europeia se mostraram mais céticas.

"Medidas dispersas não são suficientes, precisamos de uma mudança de paradigma", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, que também se disse "profundamente preocupado" com relatos de que Israel está usando programas de inteligência artificial para identificar alvos militares em Gaza.

"O anúncio de Israel de reabrir temporariamente o posto de Erez e de permitir a entrada de ajuda pelo porto de Ashdod não é suficiente", escreveu na rede X Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, o órgão que representa os 27 Estados membros do bloco.

- 'Erro de apreciação' -

A ajuda entra a conta-gotas em Gaza e, diante das dificuldades de levá-la por via terrestre, muitos países realizaram lançamentos de alimentos com paraquedas.

A ONU, que alerta para o risco de fome neste território de 2,4 milhões de habitantes, insiste que esse método não conseguirá substituir o envio de ajuda por estrada.

Após a morte dos sete funcionários da ONG americana World Central Kitchen (WCK), várias ONGs suspenderam suas operações em Gaza.

O Exército israelense destituiu nesta sexta-feira dois militares, depois de admitir que cometeu uma série de "erros" no ataque.

As tropas cometeram "um erro de apreciação operacional da situação", após terem visto um suposto "homem armado do Hamas" disparar do telhado de um dos caminhões do comboio da ONG, indicou uma investigação interna do Exército.

O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, aplaudiu as conclusões do Exército israelense sobre a morte dos trabalhadores humanitários, mas exigiu uma "investigação independente" sobre essa operação militar.

- Hezbollah vê resposta do Irã como 'inevitável' -

O Conselho de Direitos Humanos da ONU exigiu nesta sexta-feira o fim da venda de armas a Israel, invocando o risco de "genocídio" em Gaza.

Biden também instou na quinta-feira Netanyahu a alcançar um "cessar-fogo" com o Hamas, em um contexto de tensão ante uma possível operação terrestre israelense em Rafah, no sul, onde se amontoam 1,5 milhão de pessoas deslocadas pelos combates.

Desde o início da guerra em Gaza, tem crescido o temor de que o conflito adquira uma dimensão regional.

O líder do Hezbollah pró-iraniano do Líbano, Hasan Nasrallah, considerou nesta sexta-feira "inevitável" que o Irã reaja ao bombardeio, atribuído a Israel, de seu consulado em Damasco, que matou 16 pessoas, incluindo dois generais.

Y.Lewis--RTC