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Israel recua no corte das transmissões ao vivo da AP em Gaza após pressão dos EUA
Israel recua no corte das transmissões ao vivo da AP em Gaza após pressão dos EUA / foto: - - AFP

Israel recua no corte das transmissões ao vivo da AP em Gaza após pressão dos EUA

Sob pressão direta de Washington, Israel voltou atrás nesta terça-feira (21) em sua decisão de cortar o sinal ao vivo da agência de notícias americana The Associated Press sobre Gaza, devastada por mais de sete meses de guerra entre o Exército israelense contra o movimento islamista palestino Hamas.

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"Ordenei anular a decisão e devolver o equipamento à agência AP", declarou o ministro israelense de Comunicações, Shlomo Karhi, pouco depois de ter ordenado a interrupção das transmissões por suposta violação da nova lei de imprensa, já utilizada recentemente para fechar no país a emissora de televisão catariana Al Jazeera.

A Casa Branca havia expressado mais cedo sua preocupação com o corte do sinal da AP e pediu às autoridades israelenses que o restabelecessem.

"A Associated Press condena veementemente as ações do governo israelense para cortar nossa transmissão ao vivo que há muito tempo mostrava Gaza e confiscar equipamentos da AP", afirmou a agência em um comunicado.

A AP atribuiu a medida "ao uso abusivo, por parte do governo israelense", da nova lei votada no início de abril que autoriza a proibição da transmissão em Israel de meios estrangeiros que coloquem em risco a segurança do Estado.

- 'AP cumpre as regras' -

O Ministério das Comunicações de Israel havia alegado em nota que a AP capturava regularmente fotografias da Faixa de Gaza a partir da varanda de uma casa em Sderot, na fronteira com o território palestino, "inclusive focando nas atividades dos soldados [israelenses] e na sua localização".

Karhi disse, ao anunciar a revogação da medida, que o Ministério da Defesa "deseja examinar a questão da retransmissão [...] em relação ao risco" para as tropas israelenses que operam em Gaza.

A censura militar de Israel proíbe a publicação de imagens ou informações que possam comprometer a localização de soldados ou instalações militares israelenses.

"A AP cumpre as regras de censura militar de Israel, que proíbem a transmissão de detalhes como movimentos de tropas que possam colocar os soldados em risco", declarou a agência.

O Ministério das Comunicações também indicou que a Associated Press estava "infringindo a lei" ao permitir que a Al Jazeera "recebesse seu conteúdo".

Em resposta, a AP afirmou que a rede do Catar é "um dos milhares de clientes das transmissões de vídeo ao vivo enviadas pela agência".

No início do mês, a Al Jazeera saiu do ar em Israel depois que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu votou a favor de fechá-la por causa de sua cobertura da guerra em Gaza.

- Condenações -

A ONU considerou "terrível" o corte do sinal da AP, que "deveria poder fazer o seu trabalho livremente e sem restrições", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classificou a decisão das autoridades israelenses como uma "censura escandalosa".

Já o diretor global de notícias da Agence France-Presse (AFP), Phil Chetwynd, afirmou que a decisão de Israel é "um ataque à liberdade de imprensa".

"A livre circulação de informações verificadas procedentes de fontes confiáveis é vital no contexto atual", declarou em comunicado.

O líder da oposição israelense, Yair Lapid, reagiu na rede social X dizendo que o governo "enlouqueceu". "Isto não é a Al Jazeera, é um meio de comunicação americano que ganhou 53 prêmios Pulitzer", escreveu.

T.Parisi--RTC