Presidente da Ucrânia busca na Otan e UE apoio para seu 'plano para a vitória'
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, defendeu, nesta quinta-feira (17), diante de seus aliados ocidentais seu "plano para a vitória" sobre a Rússia, em busca de fortalecer a posição de seu país antes de qualquer negociação de paz.
Zelensky foi convidado a participar de uma reunião de cúpula da União Europeia (UE) pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que coincide com uma reunião dos ministros da Defesa dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Ao chegar a Bruxelas, Zelensky disse que a Ucrânia "está pronta para a diplomacia real, mas para isso devemos fortalecer o país".
Para o presidente ucraniano, a Rússia "só recorrerá à diplomacia quando perceber que não pode alcançar nada com a força".
Em uma entrevista coletiva depois de apresentar o plano na reunião da UE, Zelensky disse que vários governantes expressaram "total apoio".
No capítulo das conclusões da cúpula referente à Ucrânia, os líderes europeus retiraram seu "inabalável" apoio ao país do ponto de vista militar e econômico "pelo tempo que for necessário", embora sem oferecer maiores detalhes.
Este ano, a UE aprovou um plano de empréstimos à Ucrânia de cerca de 35 bilhões de euros (214,7 bilhões de reais) baseado no uso dos benefícios gerados pelos ativos russos bloqueados.
Zelensky havia apresentado na quarta-feira ao Parlamento de seu país as principais diretrizes do plano.
O plano propõe a mobilização de recursos ocidentais de "dissuasão estratégica não nucleares" no país, para convencer a Rússia a colocar um ponto final no conflito.
- Dificuldades -
Zelensky destacou que os detalhes mais delicados da proposta foram incluídos em um "anexo secreto" já transmitido aos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Alemanha, todos membros da Otan.
Nesta quinta, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, disse que o plano de Zelensky era "mais do que assustador" e instou os líderes da Alemanha e da França, "em nome da UE, a iniciarem negociações com a Rússia o mais rápido possível".
Após sua reunião com Zelenski, o secretário-geral da aliança militar transatlântica, Mark Rutte, afirmou que esperava ver o dia em que "a Ucrânia esteja na Otan. Até que isso aconteça, faremos com que receba tudo o que precisar para vencer".
No entanto, Rutte evitou comentar sobre o plano lançado pelo presidente ucraniano.
Parte da ideia de Zelensky é que a Ucrânia seja convidada imediatamente a entrar para a Otan, o que os membros da aliança militar consideram algo irreal.
O bloco militar transatlântico afirma que a Ucrânia está em uma rota "irreversível" para aderir à aliança, mas sem anunciar uma data concreta de adesão.
Além disso, a adesão imediata da Ucrânia à Otan enfrenta resistências dos Estados Unidos e da Alemanha, que buscam evitar um confronto aberto com a Rússia.
Na quarta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos na Otan, Julianne Smith, disse que "não estamos neste momento no ponto de discutir um convite a curto prazo".
Após mais de dois anos e meio de conflito armado, a Ucrânia perde território na região do Donbass diante do avanço das tropas russas.
O governo Zelensky enfrenta pressões para apresentar uma estratégia de saída das hostilidades.
Em Moscou, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, comentou que "não se trata de um plano de paz, mas de exacerbar a situação e promover um conflito entre a Otan e a Federação Russa".
Tal cenário, acrescentou Peskov, teria "pesadas" consequências.
Nesta quinta-feira, durante uma entrevista, o ex-presidente dos Estados Unidos e novamente candidato, Donald Trump, disse que Zelensky "nunca deveria ter permitido que a guerra começasse" e reclamou que "toda vez que ele vem a Washington, damos a ele 100 bilhões de dólares", o equivalente a R$ 567 bilhões.
Na capital belga, Zelensky também afirmou que a Coreia do Norte estava preparando cerca de 10.000 soldados em seu território para se juntarem às tropas russas nos combates em território ucraniano, uma possibilidade que chamou de "o primeiro passo em direção a uma guerra mundial".
G.Abbenevoli--RTC