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Kelly Haston, a bióloga que se voluntariou para passar um ano em Marte
Kelly Haston, a bióloga que se voluntariou para passar um ano em Marte / foto: Mark Felix - AFP/Arquivos

Kelly Haston, a bióloga que se voluntariou para passar um ano em Marte

Viver em Marte não é exatamente o que Kelly Haston sonhou quando criança, mas agora ela se prepara para dedicar um ano inteiro de sua vida ao planeta vermelho.

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"Vamos apenas fingir que estamos lá", resume a canadense de 52 anos.

Haston faz parte de um grupo de quatro voluntários que terão um habitat marciano como casa por 12 meses, a partir de julho, embora a localização seja Houston, no Texas.

"Para ser sincera, isso ainda me parece um pouco irreal", admite a bióloga com um sorriso.

Para a Nasa, que selecionou cuidadosamente os candidatos, as longas experiências permitem avaliar o comportamento de uma tripulação em um ambiente isolado antes de uma missão real.

A agência espacial americana alertou os participantes de que eles serão expostos a falhas de equipamentos, restrições de água e outras "surpresas". A comunicação com o exterior terá o atraso que existe entre a Terra e Marte, ou seja, até vinte minutos (40 minutos de ida e volta).

"Estou muito animado, mas também sou realista", disse Haston à AFP. "É um grande desafio".

O habitat, chamado Mars Dune Alpha, é uma instalação impressa em 3D com 160 metros quadrados, contando com quartos, uma academia e uma fazenda vertical para cultivar vegetais.

"Surpreendentemente, você tem a sensação de que é espaçoso, uma vez lá dentro", diz Haston, que visitou o espaço há mais de um ano, antes de sua participação ser confirmada no verão de 2022.

"Há até um espaço sideral" que simula o ambiente marciano, com areia vermelha e sem ar livre para manter a ilusão. A tripulação poderá simular caminhadas espaciais de fato, "possivelmente o que mais quero fazer", admite a cientista.

- Grupo unido -

Quando Kelly Haston soube que a Nasa estava procurando voluntários, ela não hesitou: "Preenchi imediatamente o formulário de inscrição", diz ela. "Isso está de acordo com muitos dos meus objetivos na vida em explorar diferentes caminhos de pesquisa e ciência".

Além disso, ela gosta de fazer parte das cobaias para uma "experiência que pode avançar a exploração espacial".

Haston conheceu os outros membros da missão - um engenheiro, um médico de emergência e uma enfermeira - durante o processo de seleção.

"Nós realmente nos entendemos muito bem", diz esta mulher que foi nomeada "comandante".

Ver como "nos tornaremos um grupo unido e bem-sucedido é uma das partes mais emocionantes da missão", afirma a 'comandante'.

Chegar a acordos será algo necessário para esta convivência particular, que inclui dias de limpeza e organização para preparação de alimentos.

Antes de entrar no habitat, está previsto um mês de treinamento em Houston.

Haston explica que, em caso de emergência médica, um membro da missão pode sair para ser tratado. Mas para situações que a tripulação pode resolver, existem procedimentos definidos.

A maneira de comunicar uma situação familiar também foi previamente combinada.

- Isolamento -

O que mais preocupa essa canadense é a falta do companheiro e da família. Ela não poderá se comunicar, a não ser por e-mail ou por vídeo, mas nunca ao vivo.

Sair e visitar a serra ou o mar serão coisas que também sentirá saudades, admite ela.

De resto, espera aproveitar conforme fez com suas experiências anteriores, como uma missão científica para a África, onde estudou as características genéticas das rãs por vários meses - dormindo em um carro ou em uma barraca, com quatro pessoas e sem celular.

Esta especialista na área de tratamentos com células-tronco para certas doenças trabalhou recentemente para uma startup na Califórnia, onde também fez suas pesquisas.

Esta será a primeira de três missões CHAPEA (sigla em inglês para Análogo de Exploração de Saúde e Desempenho da Tripulação), que simularão estadias de um ano na superfície de Marte.

Anteriormente, uma experiência semelhante ocorreu entre 2015 e 2016 no Havaí. A Nasa participou, mas não foi diretamente responsável pela missão chamada HI-SEAS.

Com o seu programa Artemis, a Nasa propõe o regresso dos humanos à Lua e pretende preparar uma viagem a Marte, possivelmente no final de 2030.

A.Olsson--RTC